
foto: pauloel
JOGADAS
Sempre ouvi dizer, que não é da ignorância, mas sim do conhecimento que surge a dúvida. Já dizia Descartes, que a dúvida era um dos pilares da filosofia e só com ela era possível atingir a verdade.
Porém, nos dias de hoje a dúvida passou a ser sinónimo de instabilidade, de insegurança, e motivo de condicionamento de reflexos, comportamentos, e até ideias.
O professor Medeiros Ferreira numa das suas crónicas mais recentes dizia a propósito do Jornal da TVI que:
“ Se tivesse que caracterizar a actual fase da vida pública portuguesa, diria que se estão a ensaiar vários cenários para um regime musculado. As medidas de força fazem parte desse ensaio geral: servem para estudar reacções, fixar pontos de resistência, localizar apoios, perceber se é possível continuar.”
Concordando em absoluto, arrisco a afirmar que estamos perante mais uma de muitas jogadas, cujo resultado mais evidente é apenas o suscitar da dúvida.
São jogadas “clandestinas “ em que nunca se chega a saber, quem são na realidade os jogadores, nem o que realmente chega a ser feito para levar a dúvida até ao esclarecimento, até á verdade.
Vivemos numa sociedade onde o “será verdade”, facilmente passa a “talvez fosse” e a investigação e a justiça não serão suficientemente céleres para, tal como Descartes, se isolarem numa sala em profunda reflexão, e dela extraírem apenas verdades absolutas.
Age-se de acordo com o jogo que se tem na mão, e entrando com o trunfo mais alto logo de início. Quando o objectivo é ganhar, descobre-se que também se ganha, não perdendo!
É a lei do mais forte a imperar, numa sociedade onde se continua a “disparar” antes de perguntar “quem vem lá”, e onde” a culpa nunca chega a casar antes de morrer “, que é como quem diz:
A Culpa, essa, morre sempre solteira!