EYES WIDE SHUT versus CELERIDADE
Á medida que fui crescendo, foi evoluindo comigo o conceito de Justiça. Criei a minha própria definição e como a maioria das pessoas aprendi a distinguir o certo do errado.
Não tendo optado por formação na área do direito, nem tendo qualquer pretensão de vir a ser Juíz, durante toda a minha vida ouvi dizer que a Justiça era "cega". Achava até curiosa a escultura que normalmente decora as fachadas do tribunais, a balança equilibrada, a venda nos olhos...
Amadureci como pessoa e percebi que a dita deveria ser "cega" por forma a não tomar partido de ninguém, e assumir uma posição neutra na hora de julgar.
Actualmente não quero acreditar que a justiça portuguesa seja diferente das outras, e muito menos que ela não funcione.
No entanto e á medida que vemos o crime a aumentar a uma velocidade enorme, e em todas as direcções, e processos que demoram largos anos a julgar, constatamos que a nossa justiça para além de cega, está demasiado lenta e sem capacidade de resposta eficaz.
A realidade do crime organizado exige sintonia e capacidade de resposta por parte da justiça, processos que demoram anos a resolver, terão que ser mais rápidos, deverá ser revista a prioridade dos mesmos e aplicada a celeridade que lhes é devida e que sempre foi ou deveria ter sido a imagem de marca de qualquer sistema judicial.
Celeridade é a palavra chave para tirar o adjectivo "lenta" da ideia de Justiça, sem termos que admitir que está na altura de " destapar os olhos" que ao longo de anos não viram a luz.
Como diria um realizador de cinema a nossa justiça não pode continuar de: " EYES WIDE SHUT" como quem faz de conta que não se passa nada, porque afinal... passa e muito!